domingo, 7 de janeiro de 2018

[Libertárias] Anarcofeminismo e Anarcossindicalismo

Anarcofeminismo

É o movimento de luta pela libertação da mulher com atuação anarquista: acredita que a emancipação da mulher está intimamente ligada a destruição do Estado, das classes e da sociedade burguesa. Compreende que só conseguiremos a igualdade, lutando pela emancipação conjunta; indo contra quaisquer princípios e atitudes autoritárias e discriminatórias (seja o capitalismo, governo representativo, trabalho patronal, machismo, sexismo, racismo, nazismo, fascismo e todas as outras formas de exclusão que exercem poder de dominação sobre outra pessoa).

Anarcofeministas

Não possuem líderes ou representantes, sendo sua organização autônoma, classista e minuciosamente preparada, abominando-se as práticas autoritárias e os valores burgueses (exploração, competitividade, etc.). Não buscam mudanças através das instituições estatais, aprovação de leis, pelo voto ou com a entrada da mulher no poder. Ao contrário, acreditam na prática da ação direta. O anarcofeminismo não visa competição entre homens e mulheres, pois entende que os homens também são explorados pelo capitalismo e pelo Estado e que a culpa do machismo e violência contra as mulheres (sexual, psicológica, física, pobreza, falta de escolaridade, etc.) provêm destes dois elementos. Também lutam pela destruição total do patriarcado e o entendem como anterior ao capitalismo e o feudalismo. O anarcofeminismo propõe uma sociedade anarquista, em que homens e mulheres sejam vistos como seres humanos íntegros e completos e onde as mulheres, por serem, sem sombra de dúvidas, discriminadas, possam ser respeitadas e vivam livremente suas vidas, tendo autonomia sobre ela e seus corpos. Para que haja uma igualdade de fato, é preciso abolir as relações de superioridade que há entre os sexos. O processo de libertação da mulher tem que atuar junto com a luta contra as hierarquias.

[Libertárias] O remédio para curar a pior das doenças que atenta contra as mulheres chama-se REBELIÃO

1937 Bolívia
Com as seguintes palavras: “A minhas companheiras proletárias”, Petronila Infantes, anarquista, inicia seu discurso durante uma manifestação da LOL, para se referir à exploração que sofrem as mulheres que recebem salários inferiores ao dos homens. “As mulheres carregam a corrente mais pesada, mais negra e mais difamadora...O remédio é a rebelião...”

[Libertárias] Domesticadas Jamais

1936 Bolívia

É criado o sindicato da União Feminina de Floristas. Petronila Infantes, anarquista, funda a União Sindical de Culinárias, para exigir um horário de trabalho. O Congresso Operário, reunido em La Paz, aprova exigir “a universalização do descanso dominical”, a jornada de 8 horas, a incorporação das trabalhadoras domésticas na legislação social e a substituição da palavra “doméstica” pela de empregada de trabalhos de casa.

Liga Operária Feminina e a linha de autonomia em relação a organizações masculinas

1927 Bolívia

Nasce a Liga Operária Feminina (LOF), ramo da Federação Operária Local (FOL) de tendência anarcossindicalista que agrupa em sua maioria empregadas de serviço doméstico, trabalhadoras do mercado e cozinheiras. Decidem manter uma linha autônoma em relação às organizações masculinas. Além de levantar uma plataforma de reivindicações trabalhistas, demandam o divórcio absoluto, a criação de proteções e a igualdade ante a lei de todos os filhos.

[Libertárias] Mulheres chilenas organizam sindicatos de orientação anarquista


É criada a Federação Cosmopolita de Operárias em Resistência, de orientação anarquista. Ángela Muñoz Arancibia tem atuação destacada na criação deste espaço. 

[Libertárias] A mulher organizadora de sindicatos

Elvira Boni 

Filha de imigrantes italianos, nasce no Espírito Santo do Pinhal, no Estado de São Paulo. Começou a trabalhar aos 12 anos como aprendiz de costureira na Rua Uruguaiana, sem que recebesse de início nenhum salário, e depois passou a receber 10 mil réis por mês. Conhecia a Liga Anticlerical, e, por essa época, (1911- 12), a jornada de trabalho começava às 8 horas e terminava às 19 horas; quando o serviço apertava, prolongava-se até às 20 e 22 horas. Aos poucos, Elvira forma-se profissionalmente como costureira e começa a ter contato com jornais operários e anarquistas. Impulsionada pelo anarcossindicalismo, em maio de 1919, com 50 companheiras de profissão, forma a União das Costureiras, Chapeleiras e Classes anexas, que funcionava na sede da União dos Alfaiates do Rio de Janeiro. Dentre as companheiras estavam Elisa Gonçalves de Oliveira, Aida Morais, Isabel Peleteiro, Noemia Lopes e Carmen Ribeiro. Coube a Elvira a tarefa de ler o discurso de inauguração da União, publicado depois pelo Jornal do Brasil. A primeira iniciativa da associação das operárias e costureiras, ainda em 1919, foi deflagrar greve pelas 8 horas de trabalho. Muitas grevistas foram punidas com demissão 26 sumária. Não obstante, apesar das medidas repressoras, as trabalhadoras continuaram sua marcha emancipadora, publicando manifestos, e, no 3o. Congresso Operário Brasileiro, Elvira e Noêmia Lopes representaram as costureiras. Ela representou peças anarquistas e anticlericais, levadas à cena por grupos amadores nos palcos dos salões das associações operárias do Rio de Janeiro. Sua irmã, Carolina Boni, também participava do movimento anarquista, especificamente das peças teatrais e da Liga Anticlerical. Elvira participou e dirigiu a revista Renovação. Num de seus artigos, intitulado A Festa da Penha, ela mostra o lado triste e hilariante dos pagadores de promessas que subiam as escadarias da Penha de joelhos. A repressão política somada a fundação do PCB com seus sindicatos ligados ao Ministro do trabalho isola a lutadora do movimento libertário.