Mulheres Anarquistas Convocam o 8 de Março Libertário: Memória, Luta e Solidariedade Internacional
No próximo dia 8 de março, coletivos feministas libertários de diversas regiões do Brasil e do mundo se reunirão para celebrar o 8 de Março Libertárias, uma data que resgata a raiz combativa do Dia Internacional da Mulher, honrando as lutas históricas das mulheres trabalhadoras, antifascistas e anticapitalistas. O evento, organizado por grupos autônomos e horizontais, rejeita a comercialização da data e reforça o caráter revolucionário da mobilização, unindo memória, resistência e ação direta.
Raízes Históricas: Da Fábrica às Ruas
O 8 de Março Libertário rememora episódios cruciais, como a greve das operárias têxteis russas em 1917 — marco que acelerou a Revolução Russa — e a trajetória de mulheres como Maria Lacerda, Emma Goldman e Louise Michel, que desafiaram o patriarcado e o autoritarismo em suas épocas. "Não queremos flores ou mensagens vazias. Queremos justiça, autonomia e o fim da opressão", afirma Maria, integrante de um coletivo anarcofeminista de São Paulo.
A data também critica a narrativa oficial que apaga a origem operária e revolucionária do 8 de Março, transformando-a em um símbolo despolitizado. "Enquanto corporações vendem ‘empoderamento’, nós lembramos das mulheres que incendiaram fábricas, organizaram sindicatos clandestinos e enfrentaram a violência do Estado", complementa Luana, do Rio de Janeiro.
Programação: Ações Diretas e Formação Coletiva
As atividades incluem:
- Marchas Autônomas: Concentrações em praças públicas, com faixas e cartazes que denunciam a violência de gênero, a precarização do trabalho e a mercantilização dos corpos.
- Círculos de Debate: Discussões sobre feminismo anticarcerário, autogestão menstrual, resistência indígena e queer, e a luta das mulheres palestinas, curdas e periféricas.
- Mutirões de Apoio Mútuo: Distribuição de alimentos, oficinas de autodefesa e redes de apoio a vítimas de violência doméstica.
- Saraus Revolucionários: Poesias, músicas e performances que celebram a arte como ferramenta de transformação.
Internacionalismo e Interseccionalidade
O 8 de Março Libertário enfatiza a conexão entre as lutas locais e globais. "Somos herdeiras das "Mujeres Libres" da Espanha, das zapatistas em Chiapas e das mulheres que lideram a Revolução em Rojava. Nossa luta não tem fronteiras", destaca Jéssica, de um coletivo do Nordeste. A programação também homenageia figuras como Marielle Franco, assassinada há seis anos, e Dandara dos Palmares, símbolo de resistência negra.
Por Que ‘Libertárias’?
A perspectiva libertária rejeita hierarquias e propõe uma organização horizontal, baseada no apoio mútuo e na autogestão. "Não acreditamos em soluções vindas de governos ou patrões. Nossa libertação virá da solidariedade entre nós, das ocupações, das greves e da construção de redes anticapitalistas", explica Rita, de Belo Horizonte.
Em um contexto de avanço do conservadorismo e de cortes em políticas públicas, as organizadoras reforçam a urgência de ocupar as ruas. "A cada 8 minutos, uma mulher é agredida no Brasil. Enquanto houver feminicídio, estupro e desigualdade, estaremos em luta", conclui Camila, de Salvador.
O 8 de Março Libertário não é apenas um dia de protesto, mas um chamado à ação permanente. Como escreveu a anarquista Louise Michel: "A revolução será feita pelas mulheres ou não será".
Data: 8 de março
Locais: Ações descentralizadas em cidades brasileiras e internacionais.
@8MLibertario
Por um feminismo que liberte, queime grades e semeie liberdade! 🔥✊🌺